segunda-feira, 21 de maio de 2012

Pra quê Cultura?


Já ouvi muitas pessoas me dizerem que trabalhar a cultura, aqui em Campinas, é coisa quase impossível, que não dá voto, que cultura não enche barriga de ninguém, não dá moradia, saúde, segurança... Apenas não passa de discurso utópico. E que serve ainda como pauta para candidatos em época de eleição!

Talvez, de certa forma o desgaste ao longo do tempo tenha transformado o conceito de cultura em algo realmente pertencente há alguns visionários, hoje, de uma maneira mais geral a cultura está classificada como desnecessária, quer seja pela sociedade ou pelo poder público.

Isso é totalmente triste, pensar dessa forma só nós faz perdemos a compreensão do verdadeiro valor inestimável que é do se ter e fazer cultura. Se percebêssemos o quanto isso prejudica o desenvolvimento social e econômico nas três esferas em nível federal, estadual e municipal do país, com certeza a Cultura seria pauta principal nos governos.

Economicamente falando uma série de ações políticas do governo tem alcançado um cenário de crescimento até que razoável, tornou-se competitivo e estimulante para o desenvolvimento do Brasil, porém muito ainda há de ser feito a população aceita e ainda enaltece qualquer mudança que prometa melhores ganhos, principalmente em consumo e se botar comida na mesa então... Estamos tão cansados de não ter, que quando se abrem portas para termos, aí pronto... Estamos satisfeitos e lá se vem o comodismo. “Ta bom assim, pra que mexer?”

Não podemos ser omissos e manipulados pela elite dominante, nos tempos atuais, quando se fala muito em “cidadania”, deveríamos dar mais atenção à Cultura como ferramenta de liberdade, de desenvolvimento e de progresso social. Povo sem cultura está fadado a ser um povo amordaçado. Sem expressão. Sem poder de decisão. Que não é visto como cidadão para poder reivindicar seus direitos civis e políticos. Manterá sua falta de identidade própria. Classificado apenas como uma Maria-vai-com-as-outras, pau-pra-toda-obra, mão-de-obra barata, dependente da venda de votos para poder ganhar minguadas cestas básicas.

Cultura não se limita apenas em entretenimento ou passatempo. Ela é, também, um veículo de transformação e renovação de um grupo social. É preciso encará-la como educação. Educação através da música, da poesia, da literatura, das artes plásticas, do teatro, do cinema, do vídeo... Cultura é educar o povo. É fomentar políticas que promovam o debate, a pesquisa, a inclusão social e a conscientização do dever de preservar o ambiente urbano. É trabalho do dia-a-dia e não apenas do Dia da Cultura. É ensinar o povo a se expressar com clareza para melhor ser ouvido. A ter bons hábitos e costumes, noção de valores que formam a sua identidade, noção de regras de conduta, de higiene, de saúde, de sistemas de crenças. Ensiná-lo a não jogar lixo no chão, a plantar uma árvore e uma flor. A respeitar o Patrimônio Público, a casa onde mora, a rua por onde passa ou o gramado do jardim, a praça onde freqüenta, ou seja, todos os espaços que costumamos ver e estar.

E, ainda, vou mais além tratar a cultura como forma de inclusão, esclarecer que cada cidadão tem o direito de exigir das autoridades o cumprimento das promessas feitas nos palanques e uma melhor qualidade de vida.Cultura é reciprocidade de interesses e de ideais. É a luz que ilumina o caminho e abre as portas da compreensão mútua e da percepção. Cultura é tudo. Representa um todo integrado, em que cada pessoa se articula com as demais. É exclusividade do ser humano, porque ele é quem faz Cultura para legar às gerações futuras. É memória. É história. É filosofia. É arma contra a violência, contra as drogas e contra a criminalidade.

Cultura é civilização, progresso e desenvolvimento de um grupo que deseja dias melhores. Que deseja viver com dignidade. É por meio da Cultura que seremos alguém. Que descobriremos o nosso verdadeiro papel dentro da comunidade e conseguiremos sair do poço do subdesenvolvimento agônico e vergonhoso, para alcançarmos a tão esperada e falada “cidadania”, que nada mais é do que a qualidade de cidadão conscientes dos seus direitos e deveres para com a sociedade em que vive.

Quem não pensa cultura, simplesmente não vive, não inclui e não integra e muito menos sociabiliza. Se quisermos um futuro melhor devemos exigir mais cultura!

Dário Mendes
Jornalista (mtb-34.350) e Analista de Negócios por T.I
Comunicação Centro Cultural Estação Guanabara/Unicamp