Já
ouvi muitas pessoas me dizerem que trabalhar a cultura, aqui em Campinas, é
coisa quase impossível, que não dá voto, que cultura não enche barriga de
ninguém, não dá moradia, saúde, segurança... Apenas não passa de discurso
utópico. E que serve ainda como pauta para candidatos em época de eleição!
Talvez,
de certa forma o desgaste ao longo do tempo tenha transformado o conceito de
cultura em algo realmente pertencente há alguns visionários, hoje, de uma
maneira mais geral a cultura está classificada como desnecessária, quer seja
pela sociedade ou pelo poder público.
Isso
é totalmente triste, pensar dessa forma só nós faz perdemos a compreensão do
verdadeiro valor inestimável que é do se ter e fazer cultura. Se percebêssemos
o quanto isso prejudica o desenvolvimento social e econômico nas três esferas
em nível federal, estadual e municipal do país, com certeza a Cultura seria
pauta principal nos governos.
Economicamente
falando uma série de ações políticas do governo tem alcançado um cenário de
crescimento até que razoável, tornou-se competitivo e estimulante para o
desenvolvimento do Brasil, porém muito ainda há de ser feito a população aceita
e ainda enaltece qualquer mudança que prometa melhores ganhos, principalmente
em consumo e se botar comida na mesa então... Estamos tão cansados de não ter,
que quando se abrem portas para termos, aí pronto... Estamos satisfeitos e lá
se vem o comodismo. “Ta bom assim, pra que mexer?”
Não
podemos ser omissos e manipulados pela elite dominante, nos tempos atuais,
quando se fala muito em “cidadania”, deveríamos dar mais atenção à Cultura como
ferramenta de liberdade, de desenvolvimento e de progresso social. Povo sem
cultura está fadado a ser um povo amordaçado. Sem expressão. Sem poder de decisão.
Que não é visto como cidadão para poder reivindicar seus direitos civis e
políticos. Manterá sua falta de identidade própria. Classificado apenas como uma
Maria-vai-com-as-outras, pau-pra-toda-obra, mão-de-obra barata, dependente da
venda de votos para poder ganhar minguadas cestas básicas.
Cultura
não se limita apenas em entretenimento ou passatempo. Ela é, também, um veículo
de transformação e renovação de um grupo social. É preciso encará-la como
educação. Educação através da música, da poesia, da literatura, das artes
plásticas, do teatro, do cinema, do vídeo... Cultura é educar o povo. É
fomentar políticas que promovam o debate, a pesquisa, a inclusão social e a
conscientização do dever de preservar o ambiente urbano. É trabalho do
dia-a-dia e não apenas do Dia da Cultura. É ensinar o povo a se expressar com
clareza para melhor ser ouvido. A ter bons hábitos e costumes, noção de valores
que formam a sua identidade, noção de regras de conduta, de higiene, de saúde,
de sistemas de crenças. Ensiná-lo a não jogar lixo no chão, a plantar uma
árvore e uma flor. A respeitar o Patrimônio Público, a casa onde mora, a rua por
onde passa ou o gramado do jardim, a praça onde freqüenta, ou seja, todos os
espaços que costumamos ver e estar.
E,
ainda, vou mais além tratar a cultura como forma de inclusão, esclarecer que
cada cidadão tem o direito de exigir das autoridades o cumprimento das
promessas feitas nos palanques e uma melhor qualidade de vida.Cultura é
reciprocidade de interesses e de ideais. É a luz que ilumina o caminho e abre
as portas da compreensão mútua e da percepção. Cultura é tudo. Representa um
todo integrado, em que cada pessoa se articula com as demais. É exclusividade
do ser humano, porque ele é quem faz Cultura para legar às gerações futuras. É
memória. É história. É filosofia. É arma contra a violência, contra as drogas e
contra a criminalidade.
Cultura
é civilização, progresso e desenvolvimento de um grupo que deseja dias
melhores. Que deseja viver com dignidade. É por meio da Cultura que seremos
alguém. Que descobriremos o nosso verdadeiro papel dentro da comunidade e
conseguiremos sair do poço do subdesenvolvimento agônico e vergonhoso, para
alcançarmos a tão esperada e falada “cidadania”, que nada mais é do que a
qualidade de cidadão conscientes dos seus direitos e deveres para com a
sociedade em que vive.
Quem
não pensa cultura, simplesmente não vive, não inclui e não integra e muito
menos sociabiliza. Se quisermos um futuro melhor devemos exigir mais cultura!
Dário
Mendes
Jornalista
(mtb-34.350) e Analista de Negócios por T.I
Comunicação
Centro Cultural Estação Guanabara/Unicamp